OS NÚMEROS ABSOLUTOS DOS HOMICÍDIOS JUVENIS NO BRASIL.

 

Autor: Francisco Sérgio da Silva Evangelista

Graduado e Pós Graduado respectivamente; em Matemática e Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública. Atualmente cursando MBA em Engenharia e Inovação.

  

O fenômeno da violência em geral, e a criminalidade em particular, dos jovens brasileiros, que segundo os autores (Vermelho e Mello) há cinco ou seis décadas do século passado, isto é, século XX, as doenças infecciosas e epidemias eram as principais causas de mortes entre nossos jovens, foram sendo substituídas pelos acidentes de trânsito e homicídios. Segundo a interpretação do Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil), a evolução histórica dos homicídios Juvenil no Brasil impressiona e é preocupante, entre os anos 1980 a 2011, foram 1.145.908 homicídios na população total e destes assombrosos e espinhosos números de guerra, do mesmo período foram 407.169 jovens. Conforme gráfico 01/2013 a seguir, nas duas últimas décadas do citado século, mas precisamente entre 1980 a 2000 foram assassinados no nosso país 203.944 jovens entre 15 a 24 anos vítimas de agressão intencional de terceiros, que utilizou qualquer meio para provocar danos, lesões que levou à morte da vítima, isto é, o chamado homicídio. Segundo o gráfico 02/2013 abaixo, na primeira década do atual século, entre os anos 2001 a 2010, foram assassinados 184.789 jovens, o que representa quase o total das duas décadas anterior. Em 2011, foi 18.436 assassinados, o que significa 51 jovens a cada dia do ano. Infelizmente, o referido mapa não divulgou dados do ano 2012.  Com o uso das Armas de Fogo na maioria dos homicídios juvenis e a maior vitimização observada na população masculina, negra e morador de áreas onde o poder público não chega nunca, o que é inaceitável e vergonhoso, e a tendência é o crescimento dessa mortalidade seletiva.

Gráfico nº 01/2013 - Números absolutos de homicídios na população brasileira jovem entre 15 a 24 anos, de 1980 a 2000.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

Gráfico nº 02/2013 - Números absolutos de homicídios na população brasileira jovem entre 15 a 24 anos, de 2001 a 2010.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

 

Seja como vitimas ou como autores de um homicídio, os nossos jovens estão cada vez mais envolvidos, isto é, são os principais personagens. No entanto, a violência e a criminalidade faz parte do nosso processo histórico, do nosso cotidiano, não aceitável é claro pelos os altíssimos índices, são fenômenos complexos e as suas causas podem estar ligadas a diversos fatores como: socioeconômicos, demográficos, culturais e Institucionais. Outros fatores podem ainda influenciar no aumento da criminalidade urbana, são eles: a taxa de encarceramento, a taxa de efetivo policial, a violência policial, a corrupção no sistema criminal, o comércio ilegal de armas de fogo, o tráfico e uso de drogas ilícitas e em alguns casos, menos visíveis é claro; o uso excessivo de bebidas alcoólicas, litigiosidade social (brigas de casais), conflitos interpessoais (brigas no trânsito), a mídia e a globalização. Atualmente, associam os jovens e a violência e uso e o tráfico das drogas na causa principal do atual aumento da criminalidade urbana, sem dúvida é uns dos fatores, mas não e nunca a principal causa. Segundo a Doutora (Fátima, Maria);

Precisamos repensar, com todo cuidado, a relação entre drogas, violência e juventude considerando a complexidade que se coloca nesta questão. Apenas drogas e violência já é um tema carregado de representações sociais que necessitam ser desconstruídas. Vocês sabiam que as pesquisas em psicologia social apontam que o estereótipo do antigo binômio pobreza = violência foi substituído no imaginário social pelo estereótipo drogas = violência? Ainda temos um terceiro desafio que é a automática associação entre drogas e juventude e também entre violência e juventude. Com este discurso e por esta lógica simplista acabamos colocando uma marca negativa na juventude brasileira: basta ser jovem para ser ou drogado, ou violento ou ambos drogados e violentos.

 

Nos últimos anos, grande parte da mídia escrita e falada, com seu papel disseminador faz tal associação citada no parágrafo anterior, divulgam todos os dias notícias de crimes envolvendo o tráfico de drogas e imagens de jovens nas cracolândias consumido vários tipos de drogas como: a maconha (afinal, nos anos 90, era a droga mais consumida no Brasil), a cocaína e seus derivados, principalmente o crack que rápido instala a dependência no usuário, os solventes (a cola e o loló), por serem as drogas mais baratas, entra também nesta relação vários medicamentos psicotrópicos (Rohypnol, Artine, Ansiolíticos, Anfetamina) consumidos ilícito no Brasil no começo da década de 70, é também nesta década, que o país entra na rota internacional do tráfico de drogas. Nos últimos anos, o ecstasy, a ketamina e o GHB são as novas drogas consumidas pelos os nossos jovens. No entanto, a mídia não cita nos meios de comunicação o consumo excessivo do álcool e do tabaco (cigarros), que são também drogas e as mais consumidas no Brasil pela a população em geral e as que provocam o maior número de doenças. Quanto ao consumo do álcool, segundo os autores (Galduróz e Caetano, 2004; Noto, 2004); “Fica claro nos estudos epidemiológicos realizados até o momento que o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil, particularmente entre os jovens, é um importante problema de saúde pública. Dados para apoiar esta afirmação têm origem em uma série de fontes.”

Vários são os fatores individuais e ambientais que levam os jovens a consumir e traficar drogas. A personalidade, problemas genéticos, autoestima e autoeficácia baixa são alguns exemplos de fatores de riscos individuais, já os fatores de riscos ambientais referem a situações de alta vulnerabilidade socioeconômica. A família é o ambiente com maiores fatores de risco e de proteção para o consumo de drogas entre os jovens e os adolescentes e é na adolescência considerada a fase vulnerável para experimentação e uso abusivo de drogas. Uma família desestruturada é um fator de risco, já uma família estruturada é um fator de proteção.

O Estado do Ceará, segundo o mapa da violência/2013 (Homicídios e Juventude no Brasil), registrou na primeira década do século XXI, isto é, entre 2001 a 2010, um total de 18.189 homicídios na população total, sendo 6.624 homicídios juvenis com idades entre 15 a 24 anos, conforme os gráficos 03/2013 e 04/2013 abaixo. Em 2001 o Ceará ocupava no ranking nacional a 18º posição, em 2010 ocupava 12º posição e em 2011 com 1.105 homicídios juvenis, ocupava ou ocupa a 11º posição, infelizmente, o citado mapa não disseminou dados do ano de 2012.  Com a taxa de 65,6 por 100 mil jovens em 2011, o nosso Estado teve mais homicídios entre os jovens do que o Estado de São Paulo, que em 2011 teve a taxa de 20,3 homicídios juvenis por 100 mil jovens. Considerada a menor taxa do país, ainda preocupa, pois, os níveis considerados epidêmicos são de 10 Homicídios por 100 mil casos.  

 

Gráfico nº 03/2013 - Números absolutos de homicídios da população total do Estado do Ceará, entre 2001 a 2010.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

 

Gráfico nº04/2013 - Números absolutos de homicídios na população  jovem entre 15 a 24 anos do Estado do Ceará, entre os anos de 2001 a 2010.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

 

    Fortaleza capital do estado do Ceará, segundo o mapa da violência/2013 (Homicídios e Juventude no Brasil), contabilizou na primeira década do atual século, isto é, entre 2001 a 2010, um total de 8.339 homicídios na população total, sendo 3.551 homicídios juvenis com idades entre 15 a 24 anos, conforme os gráficos 05/2013 e 06/2013 abaixo. Em 2011, a nossa capital registrou 1.337 homicídios, sendo 624 homicídios juvenis, o que significa a 6º posição no ranking nacional, infelizmente, o citado mapa não relatou dados do ano de 2012.  Com a taxa de 129,7 por 100 mil jovens em 2011, a nossa capital teve mais homicídios entre os jovens do que as capitais de São Paulo e Rio Branco, com a taxa de 20,1 e 28.9 homicídios por 100 mil, respectivamente. São inadmissíveis taxas como das capitais: Maceió com 288,1; João Pessoa com 215,1; Salvador com 164,9; Vitória com 150,6; Recife com 142,7; Natal com 123,8; Manaus com 120,4; Belém com 103,0; Belo Horizonte com 100,4 e Fortaleza com 129,7 homicídios juvenis por 100 mil jovem É inaceitável, pois, o nível considerado epidêmicos é de 10 Homicídios por 100 mil casos.

 

Gráfico nº 05/2013 - Números absolutos de homicídios da população total de Fortaleza, entre 2001 a 2010.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

 

Gráfico nº 06/2013 - Números absolutos de homicídios na população  jovem entre 15 a 24 anos de Fortaleza, entre 2001 a 2010.
 
 

Fonte: Mapa da Violência/2013 – (Homicídios e Juventude no Brasil)

      

REFERENCIAS:

CERQUEIRA, D. Causas e consequências do crime no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Economia. PUC-Rio, 2010.


CERQUEIRA, D, CARVALHO, A., RODRIGUES, R. I. & LOBÃO, W. (2007). Análise dos Custos e Consequências da Violência no Brasil. IPEA, Texto para Discussão N 1284. Brasília.

CALDERINHA D. e ALBERNAZ E. Mídia e Segurança Pública: um balanço. In: Cadernos Temáticos da CONSEG. Ministério da Justiça, 2009.

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VERMELHO, L.L. e MELLO JORGE, M.H.P. Mortalidade de jovens: análise do período de 1930 a 1991 (a transição epidemiológica para a violência). Revista de Saúde Pública. 30 (4). 1996. Apud: MELLO JORGE, M.H.P. Como Morrem Nossos Jovens. In: CNPD. Jovens Acontecendo na Trilha das Políticas Públicas. Brasília, 1998.

SUDBRACK, MARIA FÁTIMA OLIVIER. Desconstruindo estereótipos e reconhecendo demandas. Drogas, violência e juventude. Disponível no: http://www.obid.senad.gov.br/portais/mundojovem/index.php

WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Sangari, 2013. 

 WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas Por Arma de Fogo. São Paulo: Instituto Sangari, 2013.

PINSKY, ILANA. BESSA, MARCO ANTONIO (org). Adolescência e Drogas. São Paulo: Contexto – 2004.

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